quarta-feira, 23 de junho de 2010

Vida aos Livros

O leitor é um importante instrumento de revitalização daqueles objetos que se encontram em estado de dormência, por exemplo: aquela criatura que está lá, adormecida há tempos na prateleira de uma biblioteca, um demônio que jamais atentor alguém, um fantasma, que coitado, nunca assustou um ser vivo neste mundo, um amor esquecido no fundo do coração de uma donzela, um cavalheiro andante, atrás de aventuras, um artistas das letras, das palavras, um operário da Língua Materna, um movimento de seres fantásticos, românticos, valentes, carentes, amáveis, odiados, nenhuma coisa, nem outra, não seria possível sem a participação do ilustríssimo leitor. A foto apresenta um momento de ativação de todos esses seres, dê assas a sua imaginação. O que você quer ver? Monstros, príncipes, princesas... o quê?

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Escola: terra de ninguém?

Sou professor da rede pública estadual do Estado de São Paulo há três anos, atuo no ensino fundamental II, e aos sábados presto serviço voluntário numa ong que atende jovens carentes oriundos da escola pública, que almejam ingressar numa Universidade, oferecendo-lhes curso preparatório para o ENEM e vestibulares desde 2005, e apesar do pouco tempo acredito que apontar a progressão continuada como uma das vilãs do fracasso no aprendizado dos alunos é uma opinião no mínimo precipitada e se enquadra no que chamamos de senso comum. Evidentemente que o sistema da progressão continuada apresenta uma série de limitações na sua efetiva aplicabilidade, entre elas destaco a forma como foi implantado, subitamente, há cerca de dez anos atrás, o que contribuiu bastante para o surgimento de um mito comum entre professores, de que progressão continuada é sinônimo de aprovação automática. Com isso o professor deixou de agir nas deficiências do educando, mesmo quando claramente detectadas, pois segundo a tradição o aluno não tem direito de dizer o que quer aprender, mas simplesmente aprender o que o professor sabe e quer ensinar. A partir desse gargalo pedagógico se instala uma guerra silenciosa entre educador e educando, ambos ancorados em portos opostos, de onde acreditam estarem seguros que seus atos de resistência a qualquer mudança sejam sinônimos de cidadania em defesa da escola pública. Ledo engano. Neste momento parece-me que desenvolver políticas que amenizem a imparcialidade entre os principais atores deste longo processo, será um brilhante começo. Por outro lado faz-se necessário dividi responsabilidades conforme prever a Constituição Federal e a lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) que prevêem não só o professor como fiel escudeiro do construto educativo, mas toda sociedade, sem exceção. A escola não é terra de ninguém, e sim o fórum adequado para a prática da plena democracia. Para isso será preciso trazer todos para um amplo debate.Porque apontar a progressão continuada como pretexto para o baixo desempenho do alunado é um discurso fragilizado pelo, já citado, gargalo pedagógico aliado a uma série de outras causas, como: super lotação, falta de interesse do aluno, resignificação do espaço escolar, valorização do profissional de educação e, sobretudo no que diz respeito à formação do professor que precisa urgentemente passar por uma reformulação de currículo. Neste item seria mister acrescentar questões relacionadas à Sociologia focada especificamente na realidade social do suposto aluno, como formação básica para todos os cursos de licenciaturas.
Dois mundos, uma necessidade.

O grande desafio do professor hoje é tornar-se um educador capaz de atender as mais variadas necessidades que ora se apresentam tanto no interior da escola como e, principalmente, fora do âmbito escolar, representada pelo conjunto social ali reunido sistematicamente todos os dias.
Identificar as reais necessidades de aprendizagem dos alunos, sem transcender o espaço da sala de aula torna-se quase impossível sem estabelecer uma relação educador/educando pautada na mediação e na dialogia. É preciso fundir os mundos: escolar e social, criar condições para que isso ocorra é missão para o educador.
Deste modo, tratar as atuais necessidades como as de antigamente é um grande equívoco, sobre dois aspectos: primeiro porque as relações sociais são outras, segundo porque seria relegar o professor a uma função totalmente descontextualizada. Limitando, inclusive, a dimensão social que a profissão representa.
Portanto, as reais necessidades dos nossos adolescentes estão pautadas num mundo real, competitivo, de onde eles, obrigatoriamente, se transportam em busca do saber contextualizado que a escola até o momento não conseguiu oferecer. É papel do educador intermediar a fusão desses mundos do qual necessita tanto o educando.