segunda-feira, 2 de julho de 2012

Falares e Dizeres da Cultura Local








Em meados de 2009, minha esposa a Janete, então funcionária do posto de saúde do Jd. Represa me disse que fora convidada para, naquela tarde, (de sábado) participar de uma reunião da Secretaria de Cultura de São Bernardo do Campo e que era importante eu participar também, mas como eu, à época fazia parte da Educafro (Ong Franciscana que oferece curso a negros, afrodescendentes e carentes, http://www.educafro.org.br/), demorei um pouco para chegar, mas em tempo pude constatar: que a partir daquela conversa os moradores ali reunidos, em parceria com a Secretaria de Cultura passariam a organizar, sistematicamente, eventos culturais no bairro, visando, sobretudo, o desenvolvimento da arte e da cultura local. Essa ideia me chamou bastante  a atenção, justamente, porque  a admistração sinalizava a intenção/possibilidade de dar voz a quem nunca pode falar: a comunidade periférica. Finalmente inicia-se um debate que bem ou mal pode travar uma luta contra os ecos da colonização, que em outros textos já citei seus efeitos negativos no desenvolvimento de uma sociedade autônoma. Já se passaram 3 anos, muitas ações foram desenvolvidas ao longo do tempo. Só para se ter uma ideia neste, período o Jd. da Represa recebeu shows de vários gêneros, entre eles: música classica, forró, pagode, samba, dança afrobrasileira, folclore, e outros, lançou artistas para a televisão e descobriu talentos adormecidos, essas ações de fato fizeram uma revolução no bairro. Ainda por meio dos encontros comunidade/secretaria, o bairro ganhou, também, um Ponto de Cultura, (ainda pouco explorado) cujo principal objeto é a criação de Jornal Comunitário, já lançado e chamado de Folha Verde (um sucesso), a verdade é que ao final do convênio com a Sec e o Minc, nós queremos publicar um livro e ao mesmo tempo abrir uma biblioteca comunitária. Mas eu não ficaria nem um pouco frustrado se o Centro Cultural (a ser, hipoteticamente, construido aqui no bairro) lançasse primeiro essa ideia de biblioteca comunitária. De conversa em conversa os falares e dizeres da comunidade local vem sendo pautado e executado e a medida que se consolida a política de descentralização das ações culturais, novas demandas vão surgindo e eu penso que a bola da vez é discutir a construção de um Centro Cultural no bairro em oposição ao que chamamos de descentralização tentacular. Muito trabalho tem sido feito pela SAB- Sociedade de Amigos do Jardim Represa, pela AMIRP - Associação de Movimento Integrado de Reivindicaçãoes Populares, pela Associação Cultural do Jd. Represa e, sobretudo, pela Secretaria de Cultura, que tem acolhido boa parte das solicitações da comunidade. No entanto, minha preocupação é que todo esse trabalho não seja reconhecido futuramente, visto que ainda não criamos a cultura da formação, difusão e valorização do que é local. Proponho, aqui, uma reflexão para os getores e trabalhadores que nos lerem: como seria as ações culturais no jardim represa a partir da construção de um Centro Cultural como extratégia de descentralização e gestão compartilhada a exemplo do que já ocorre nos Pontos de Cultura?

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